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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Segunda voz

“Vamos vender um milhão de discos”, garantia Welson, mais conhecido como Luciano. Bem mais novo que Mirosmar – mais conhecido como Zezé -, ele incentivava o irmão a persistir na música e acreditar que um dia “vai dar certo”. Zezé, casado e com duas filhas, já não se dava o direito de arriscar. O irmão, cheio de juventude, também já era pai, mas ainda sonhador.

Essa foi a cena que mais me marcou em "Dois Filhos de Francisco", filme ao qual assisti ontem pela primeira vez. Não sei se viajei demais, se filosofei demais. Diga-me você, que já assistiu ao filme ou que leu a descrição da cena ali no primeiro parágrafo.

Realidade ou licença poética, no filme, é Luciano quem desperta a esperança nos sonhos de Zezé, e a segunda voz da dupla fala mais alto. A cena mostra o processo de convencimento. Não muito difícil, é verdade, a partir do momento em que Zezé escuta sua segunda voz em vez de abafá-la como fazemos, quando escutamos somente a razão, quando escolhemos o caminho padrão.

Mas por que calar um sopro de juventude que tem algo a nos dizer? Por que não dar atenção como se estivéssemos sem paciência para um irmão mais novo? Por que deixar nossos sonhos sempre com a segunda voz, se eles podem estar tentando nos mostrar o caminho do sucesso?


O enredo que conta a história da dupla sertaneja dura, ao todo, cerca de duas horas. Mas me identifiquei mesmo com esses aproximadamente 20 segundos. Escutando os argumentos de Luciano, pensei: ele estava certo. O incentivo levou a dupla às rádios, às lojas de discos, aos palcos. E, gostos musicais à parte, não podemos negar, eles fizeram sucesso. Venderam um milhão.


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