“Vamos vender um
milhão de discos”, garantia Welson, mais conhecido como Luciano. Bem mais novo
que Mirosmar – mais conhecido como Zezé -, ele incentivava o irmão a persistir
na música e acreditar que um dia “vai dar certo”. Zezé, casado e com duas
filhas, já não se dava o direito de arriscar. O irmão, cheio de juventude,
também já era pai, mas ainda sonhador.
Essa foi a cena
que mais me marcou em "Dois Filhos de Francisco", filme ao qual
assisti ontem pela primeira vez. Não sei se viajei demais, se filosofei demais.
Diga-me você, que já assistiu ao filme ou que leu a descrição da cena ali no primeiro
parágrafo.
Realidade ou
licença poética, no filme, é Luciano quem desperta a esperança nos sonhos de
Zezé, e a segunda voz da dupla fala mais alto. A cena mostra o processo de
convencimento. Não muito difícil, é verdade, a partir do momento em que Zezé
escuta sua segunda voz em vez de abafá-la como fazemos, quando escutamos somente a razão, quando escolhemos o caminho padrão.
Mas por que
calar um sopro de juventude que tem algo a nos dizer? Por que não dar atenção
como se estivéssemos sem paciência para um irmão mais novo? Por que deixar
nossos sonhos sempre com a segunda voz, se eles podem estar tentando nos
mostrar o caminho do sucesso?
O enredo que
conta a história da dupla sertaneja dura, ao todo, cerca de duas horas. Mas me
identifiquei mesmo com esses aproximadamente 20 segundos. Escutando os
argumentos de Luciano, pensei: ele estava certo. O incentivo levou a dupla às
rádios, às lojas de discos, aos palcos. E, gostos musicais à parte, não podemos
negar, eles fizeram sucesso. Venderam um milhão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário