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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Nã-nã-ni-nã...

Sabe, eu tenho uma peninha do "não". Ele existe e vale tanto quanto o "sim", os dois são igualmente importantes em qualquer língua. Mas o "sim" é sempre... Ah, o "sim" é sempre bem-vindo, é sempre o bonzinho da história e é tão... independente.

Sim, porque o "não", coitado, nunca consegue agradar, se estiver sozinho. Para não ser mal-visto, costuma ser seguido por seu amigo "sinto muito", disfarçado no meio de um "Hoje, não vai dar" ou antecipado pelo "Gostaria muito, mas".

Porque se alguém solta um "não" assim, nu com um ponto final, sem véus e enfeites, como alguém que só quer negar, o "não" torna-se grosseiro, ríspido, hostil.

O "não" solta uma lágrima tímida do canto do seu til cada vez que alguém fala que não gosta de dizê-lo. Há quem evite encontrá-lo num diálogo e foge do assunto, faz sacrifícios injustos consigo mesmo, tudo para evitá-lo.

E o "não" lá, só esperando seu momento, preso na garganta, ou num coração apertado. Ele espera ser levado pelo vento depois de solto por um par de lábios qualquer. O "não" não quer estar em corações, ele quer ir de lá para cá, daqui para lá, preenchendo umas lacunas, ajeitando uns "sins" mal colocados por aí.

Coitado do "não", ele só queria ser falado livremente, quando fosse necessário, sem disfarces, com sinceridade, sem precisar se esconder e sem fazer mal a quem o escuta ou a quem o diz. Mas não.