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domingo, 22 de julho de 2012

Sincero, é?

Seis anos atrás, escrevi uma crônica sobre pessoas que participavam da comunidade no Orkut (viu? foi há seis anos mesmo) “Sou chato e daí?”. No texto, eu duvidava que alguém realmente pudesse sentir orgulho de ser chato.

Pois não duvido mais. Tem gente que gosta, sim. E expõe isso não só virtualmente. Tem gente que acha legal ser chato – por mais estranha que essa frase possa parecer. “Chato” é uma qualidade um tanto quanto vaga, né? Refiro-me aos chatos inconvenientes, que gostam de incomodar mesmo. Em geral, esses são os chatos que mais se orgulham de serem assim, acham que isso é ter personalidade.

Aí a pessoa é “cara-de-pau” e se classifica como “sincera”. E com esse rótulo de “sincera”, ela acha que pode falar o quiser para quem quiser... Sai por aí dando pitaco na vida dos outros, apontando os defeitos na cara dos amigos, colegas e conhecidos... Pode ser que seja tudo verdade, mas pode ser também que o momento e o lugar escolhidos não sejam os mais adequados.

Muitas vezes, o problema nem é com o local e a hora, há casos em que o próprio chato (que se autodenomida “sincero”, é bom lembrar) é o errado, não tem intimidade com o receptor do pitaco supersincero, mas se dá o direito de falar o que lhe der na telha.

Pra mim, ser sincero não é falar tudo a todos. É preciso saber selecionar as opiniões que devem ser emitidas. Ser sincero é tratar bem quem se gosta – e isso significa não expor os amigos de maneira negativa, o que muitas vezes fazem os supersinceros.

Ser sincero é também aproximar-se o mínimo possível de quem não se gosta – e isso, certamente, não inclui dar opinião não-solicitadas. Se fizer isso com o inimigo, aí ta procurando briga... E barraqueiro já é ooooutro defeito.

domingo, 15 de julho de 2012

Respeito aos mais jovens


“Respeite os mais velhos”. Tá aí uma orientação sábia, que escutamos desde sempre e ninguém questiona seu valor. (Há quem não coloque em prática, mas isso fica pra outro texto.) E o principal argumento é a chamada “experiência de vida” dos vovôs e vovós ao nosso redor. “Ele já viveram muito, aprenderam muitas coisas”, dizem os de meia-idade aos mais jovens. Algo semelhante à valorização do conhecimento e da informação, mas sem esses rótulos. Ou seja, algo que, na verdade, independe da idade.

Mas, se a sabedoria e a informação dão poder e hierarquizam as relações, não significa que os aprendizes não merecem ser respeitados também, né? Vale mais um jovem (ou velho) que quer aprender que um velho (ou jovem) acomodado, certo?

Meu ponto é: os que sabem mais precisam respeitar os que sabem menos também e, de preferência, estar disposto a ensinar. Os jovens devem respeitar os mais velhos que têm dificuldades com a tecnologia; assim como aquele que dirige há 30 anos deve respeitar as inseguranças do colega de trânsito que tem experiência de 30 dias; e um engenheiro deve respeitar, sem perder a paciência, seu filho que estuda as primeiras contas matemática; assim como aquele que aprendeu com a vida deve respeitar que o tempo passa, que as coisas mudam “de vez em quando” e que um jovem por aí pode ter feito uma pesquisa tão bem apurada no Google que está entendendo mais e melhor determinada situação em comparação com quem a viu há 10 anos (ou há 10 horas).


domingo, 8 de julho de 2012

O culpado


Junho passou. As mensagens e vídeos românticos postados publicamente, assim como os estudos científicos relacionados aos efeitos do amor no nosso cérebro, serão consideravelmente reduzidas até o mês do dia dos namorados chegar de novo.

E vendo tantos casais apaixonados, é quase inevitável chegar à conclusão de que “o amor é lindo”. Lindo, mas faz sofrer. Faz sofrer quando acaba, faz sofrer quando não é correspondido. Enfim, faz sofrer quando não é completo. E, me parece, que ele É incompleto, na maioria das vezes. Ou seja, parece que, quase sempre, ele faz as pessoas sofrerem e acaba perdendo aquela beleza das declarações de amor.

Não me baseio em nenhuma estatística para usar a expressão “quase sempre”, não contabilizei nem mesmo as pessoas que conheço para afirmar se há mais delas sofrendo ou suspirando por amor.

Mas já reparou nos desconhecidos que passam por nós chorando? Sempre parece que é por amor. Ou aquele colega de trabalho que está mais estressado num dia qualquer. “Deve ter brigado com a namorada” será a primeira especulação na hora do almoço.

Por quê??? Por que o amor é a primeira opção de causa para alguém que está triste? Por que esse é o primeiro motivo que nos vem à cabeça (ou é só na minha que ele é o primeiro?) quando vemos lágrimas nos olhos de alguém que passa?

A pessoa pode ter sido reprovada em uma prova, perdido o emprego, não ter dinheiro para pagar uma dívida, estar decepcionado com um amigo ou um irmão, ter brigado com um parente, ter acabado de enterrar seu cão... Inúmeras coisas nos fazem chorar, mas, na dúvida, deve ter sido culpa do amor.