Seis anos atrás,
escrevi uma crônica sobre pessoas que participavam da comunidade no Orkut (viu?
foi há seis anos mesmo) “Sou chato e daí?”. No texto, eu duvidava que alguém
realmente pudesse sentir orgulho de ser chato.
Pois não duvido
mais. Tem gente que gosta, sim. E expõe isso não só virtualmente. Tem gente que
acha legal ser chato – por mais estranha que essa frase possa parecer. “Chato”
é uma qualidade um tanto quanto vaga, né? Refiro-me aos chatos inconvenientes,
que gostam de incomodar mesmo. Em geral, esses são os chatos que mais se
orgulham de serem assim, acham que isso é ter personalidade.
Aí a pessoa é
“cara-de-pau” e se classifica como “sincera”. E com esse rótulo de “sincera”,
ela acha que pode falar o quiser para quem quiser... Sai por aí dando pitaco na
vida dos outros, apontando os defeitos na cara dos amigos, colegas e conhecidos...
Pode ser que seja tudo verdade, mas pode ser também que o momento e o lugar
escolhidos não sejam os mais adequados.
Muitas vezes, o
problema nem é com o local e a hora, há casos em que o próprio chato (que se
autodenomida “sincero”, é bom lembrar) é o errado, não tem intimidade com o receptor
do pitaco supersincero, mas se dá o direito de falar o que lhe der na telha.
Pra mim, ser
sincero não é falar tudo a todos. É preciso saber selecionar as opiniões que
devem ser emitidas. Ser sincero é tratar bem quem se gosta – e isso significa
não expor os amigos de maneira negativa, o que muitas vezes fazem os
supersinceros.
Ser sincero é também aproximar-se o mínimo possível de
quem não se gosta – e isso, certamente, não inclui dar opinião não-solicitadas.
Se fizer isso com o inimigo, aí ta procurando briga... E barraqueiro já é
ooooutro defeito.