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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A cidade que nunca dorme


Uma das coisas mais saborosas (literalmente) de Nova York são as tortas de maçã vendidas em qualquer uma das inúmeras confeitarias existentes por lá. Em inglês, o doce leva o sonoro nome de “apple pie”, assim, num crescente, com vários P’s, como uma combinação de notas musicais.

Não haveria nome mais apropriado para o doce da “Big Apple”, a cidade em que se ouve um saxofone em cada esquina. Ou em cada estação de metrô. O que, na prática, dá quase na mesma. Pode-se ir a qualquer lugar dentro de Nova York (e até a alguns fora da cidade) usando o trem. Alugar um carro por lá é estragar a viagem, é se fechar no ar condicionado e deixar de sentir os cheiros que o vento traz. É perder um artista que faz da calçada seu ateliê, é deixar de tocar as pedras de um edifício residencial com entradinha em nível mais baixo que a calçada, é não se encantar com uma flor de cor inusitada.

E é assim, por caminhos pelos quais não se passa correndo, que se decide entrar e uma estação de metrô e, em 20 minutos, atravessa-se Manhattan de uma ponta à outra e, em 40, chega-se até a outro estado, se estivermos falando de um brasileiro-ávido-por-compras-no-exterior que quiser dar um pulinho em Nova Jersey para visitar “Outlet malls”.

Aliás, minha (humilde) dica é para que não se gaste mais que 10% do tempo com compras em uma cidade tão rica culturalmente. Gaste mais dinheiro em peças, museus, show e “tips” para os artistas de rua que em roupas, perfumes e eletrônicos, se o que se busca é enriquecer e não pagar excesso de bagagem.

E se você não estiver satisfeito com os músicos por toda a parte, pode dar uma conferida em um especial (não necessariamente especial enquanto músico), indo a um restaurante com música ao vivo onde o clarinete é tocado por ninguém menos que Woody Allen. E é por causa dele que “o restaurante com música ao vivo” torna-se “um show no qual se pode pedir comida”. Sim, porque, apesar de outros quatro ótimos músicos no palco, ninguém tira os olhos de Mr. Allen, ninguém deixa de dar uma risada a cada trejeito peculiar do cineasta.

E se pegar um dia chuvoso de outono, não se considere sem sorte, é uma ótima oportunidade para passar a tarde no Metropolitan Museum of Art, onde se encontra, em único (e enorme) lugar, algumas daquelas obras de arte que se vê em livros e exposições esporádicas para todos os gostos. Eu mesma, que aprecio arte como leiga, fiquei encantada, há alguns anos, com uma exposição sobre moda e os estereótipos de beleza e, da última vez, deliciei-me com Andy Wharol na mostra “Sixty Artists, Fifty Years”, que reúne obras do próprio Wharol e de artistas influenciados por ele.

Enfim, uma cidade com muitas opções para tudo na qual você só precisa pegar longas filas se estiver muito ansioso para assistir ao novo Atividade Paranormal ou para comprar ingressos para o show do Bruno Mars. Às vezes, é preciso enfrentar uma para ir ao banheiro também, mas aí vem uma boa notícia para as mulheres: todos têm papel. Todos mesmo, incluindo o banheiro público da praia de Coney Island.

Enfim (como eu ia dizendo), com tantas opções, se, depois do jantar, você ainda não tiver night certa no Village, na dúvida, vá para a Times Square, mais quente que os outros pontos de Manhattan. Desconfio que seja pela grande quantidade de luzes e de gente.

Bem... Vá lá, batuque uma música qualquer com o pé, eleja uma confeitaria e peça uma fatia de épolpai.
Ah, e só durma se não tiver outra opção.





5 comentários:

  1. Como seu companheiro nessa viagem, só tenho a assinar embaixo. NY é exatamente isso. Texto sensacional.

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  2. Parabéns pelo texto! Fiquei com mais saudade ainda dessa cidade fascinante!

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  3. Deu vontade de ir à Nova York agora. :-) Beijos, Luciana Arnaud

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